8.7.09

Escorre um rasto lento de lua

Esbatem-se nas névoas
Que me fitam os olhos
Onde escorre um rasto lento de lua
E que desvenda a alma à transparência

Ergo o olhar
Ao rumo do relento de cada rua
Que se incandesce nua de silêncio infinito
… e suspenso
Despindo o luto que reveste a noite

Embriagando de sombras
Rua a rua e a cada esquina
Pousa uma nostalgia
No corpo desfeito das horas
Que me acolhe

Anuncia-se em ciclos
Num fluir fantasmagórico
O seu halo redundante
Em perfeito equilíbrio
na nudez da noite

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19.1.09

sob a clemência do tempo




Uma casa, como que
a aguardar a clemência do tempo
Sem remissão à passagem das horas
Ecoava, sob a luz crua

A portada entreaberta para inundar tudo em redor
Cavava o escuro
As contingências por onde o tempo vagueava
Embebem-se um pouco mais da luz oculta
Entre o Mundo táctil e o sonho de medo

A luz que desdatava o dia
Ainda aguentava tacteando
Enquanto as sombras mais pálidas endurecem
Com o peso… e nada mais
Pudesse o olhar penetrar a fluência da luz
Como os olhos que sondam o passado

Por um momento àquela ausência
Onde se encontra a sua voz autêntica
Não merece nem sua perda nem pose
nem o significado que habita onde o sentido cessou

O escuro consolida-se do verde,
enquanto apaga a janela e o frio aumenta
Aqui, neste ar sob este frio fecundo
Perpetuam esboçadas sobre a mesa
as cadências dessa herança vivida
O espaço é agora tudo o que deve ser


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12.9.08

31.8.08

o gesto


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25.8.08

Atalhos de verão





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12.8.08

as prosas da calçada








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22.7.08

um lamento geado




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19.6.08

Fruto fictício








Eis o fruto fictício e mortal
Que num gesto preciso
No gume de uma certeza
Metamorfose da semente germinada
Irá saciar a boca
Percorrer o palato

Sinto
A desprender-se
Do corpo reinventado
Que toma diversas formas
Numa alquimia secular

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10.6.08

Portugal



corre nas veias
um sangue quente
... lusitano

Ontem é história
O amanhã uma incerteza

espera-nos a cada amanhã uma batalha
hoje como ontem
sonhamos a conquista

Honrar o dia de Hoje
e cada momento de existência
como uma dádiva
por isso chamado de presente

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6.6.08

Acid Candy

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13.5.08

Breve infinito








Sinopse do gesto que se repete
Prescreve mais um momento do dia

Jorrava firme
Cristalina e luminosa
Parindo um leito de múltiplos casulos de ar
Giravam como órbitas
No vertiginoso baile centrífugo
Galáctico
Que bordavam a cuba fria e metálica
Se escoam fugazes
E logo desfalecem

Vórtice de uma despedida elíptica
Atada e hipnótica ao olhar
Que recupera a sede mais antiga
De descer ao abismo

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8.5.08

(in)útil IV

5.5.08

(in)útil III





(em construção)


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1.5.08

(in)útil II



Inútil... mas simplesmente belo
Dissipa-se em luz
Solene
E pouco mais que nada
Na iminente podridão
Que desafia
mas não morre exactamente
na medida em que vive
Contido no olhar

Há um cheiro de abismo
No segredo que este espaço encerra
Uma flor de solidão que brota
Enraizada num tempo suspenso

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27.4.08

(in)útil






O silêncio de pedra e ossos
é agora carne das horas
é tudo aqui
Acode o sono e o retêm
de exaustas e retorcidas memórias

Põe um grito mudo na minha sede
Que a flor de luz dissolve
Numa etérea carícia celeste
Se alonga e circunda triste e intangível

O mesmo silêncio apreensivo
Que se prolonga nas desarmonias
responde no marulhar oco de sombras
e revolve, rompendo
a ardente tonalidade incubada

Numa serenidade estéril
Onde o tempo se entretece
derramando um álgido silêncio penetrante

Entre nós corre o espaço
Que nos limita
o essencial não se guarda nas mãos
jaz inerte
dentro do olhar

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6.4.08

Breve retorno






Parecido com o cheiro da melancolia
Que pairava
Tive a saudade daquele passado vivido
Quando ainda nos espera por trilhar o destino

Regressar às lembranças
era vertiginoso
como as correrias desenfreadas
e antigas de outrora

lembrei-me que vivia satisfeita
e ainda hoje
guardo pelo avesso
nítidas as tonalidades que tingem
as vestem de pequenos momentos pardacentos

o sorriso guardo-o verdadeiro
e cúmplice como o instante
em olhos de menina
a cada breve retorno

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14.3.08

Lento prenúncio







Pelas paredes dentro
meço o tempo
O mesmo que atravessa e sobrevoa
as paredes fissuradas
que sustentam cada dia
que eu assisto perecer


sob um sol sobranceiro
os meus olhos invadem os interstícios porosos
que já não escolhem a idade à medida
revivem debotados… ao acaso
aninham-se bordejando secretas passagens

Despojado
Persiste fascinante
Numa contínua e errática certeza

Lento renúncio
Atado ao destino
Suplico-lhe que se sustente
à suave morte em cena
diante dos olhos inclusos

Viverá ininterruptamente das memórias
… suspenso de eternidade

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25.1.08

tempo antigo sem medo




tempo antigo
e sem medo
vestido de símbolo
estandarte de luto
que revolve o vento
ondulante

caminhos desbravados
atravessam o ar
resistem na memória
como mar adentro
no lugar onde não existia


conquistas idas
atraídas pelo sangue
embatem e levam à frente
silêncios enfurecidos
terras saqueadas
e se derrotados no corpo
vitoriosos na pretensão
destimidos e audazes de alma





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2.1.08

Pela metade





Levada de mim
… me perco
nos passos deslaçados
Do corpo inteiro

Errante
a luz que ilumina
pela metade
enquanto cai

e se esconde
no instante seguinte
o poema encontra
as suas sombras
como outra metade cativa
numa presença que escapa
aninhada como num côncavo segredo

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27.12.07

Sucessão dos dias





Breves são os minutos
Na sucessão de cada segundo…

Impossível de calendarizar
Surge a cada dia
Um tempo
Devorado, rápido e incerto
E sem abrigo
Nem bússola nos pés

Dias agónicos que deslizam
Agora de rastos
À poeira do passado
Num adeus solvido… sussurrado
Até quando já for
O tempo e o lugar de revoo
Sobre o futuro intacto
Na precessão do ciclo

Tempo contínuo que se desvenda
E deriva em sucessivos momentos
De luzes e sombras
Vozes e silêncios
Que deslumbram
A vida que se alastra

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