19.1.09

sob a clemência do tempo




Uma casa, como que
a aguardar a clemência do tempo
Sem remissão à passagem das horas
Ecoava, sob a luz crua

A portada entreaberta para inundar tudo em redor
Cavava o escuro
As contingências por onde o tempo vagueava
Embebem-se um pouco mais da luz oculta
Entre o Mundo táctil e o sonho de medo

A luz que desdatava o dia
Ainda aguentava tacteando
Enquanto as sombras mais pálidas endurecem
Com o peso… e nada mais
Pudesse o olhar penetrar a fluência da luz
Como os olhos que sondam o passado

Por um momento àquela ausência
Onde se encontra a sua voz autêntica
Não merece nem sua perda nem pose
nem o significado que habita onde o sentido cessou

O escuro consolida-se do verde,
enquanto apaga a janela e o frio aumenta
Aqui, neste ar sob este frio fecundo
Perpetuam esboçadas sobre a mesa
as cadências dessa herança vivida
O espaço é agora tudo o que deve ser


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23.9.07

vertigem coagulada



Do brilho mágico do espelho
Máscara da vertigem coagulada
Olho dilacerado
Que atinge
O limite enquadrado.

Acompanhando os gestos
que progridem
ocos ou opacos?


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16.9.07

sabor a cal



o que eu olho
até onde não sei
paira...

no ar
na sombra
de sulcos
e cal
do instante um caminho
sem pés nem boca
que suspende a palavra
...branca
dentro do espaço
fora do tempo

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